quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

As tiranas da amamentação


Hoje deparei-me com isto e indignei-me. Uma foto entre mil, no mundo mágico do instagram, um bebé de uma das minhas (nossas) bloggers mais queridas, a Taza, uma foto inocente onde aparece um bebé a beber o seu leitinho num biberão. Nothing special... não sei bem como, mas reparei nos comentários, e voilá... uma fundamentalista do leite materno.
"i hope that isn't formula! That cute deserves good stuff" - SERIOUSLY!!!!

É óbvio que me dói, porque me doeu muito este assunto da amamentação, e passo a explicar.
Eu também sou pro-amamentação, também concordo que é o melhor alimento até aos 6m, que é insubstituivel, bla, bla, bla. Tenho amigas que desde que engravidaram tinham esse assunto arrumadíssimo na cabeça e optaram por nunca amamentar (no judgement). Tenho outras que nunca pensaram muito sobre o assunto e, tenho o meu caso.... uma romântica que sempre soube que queria fazê-lo, que "bebia"todas as palavras que ouvia nas aulas pré-parto, nos livros que escolhi ler and so on, and so on.
Só que esta coisa de ter filhos é bastante imprevisível (essa aliás, é a primeira lição que aprendemos), nem sempre nos saem os planos como tinhamos previsto. Nem o parto, nem os filhos, nem o amamentar. Eu amamentei a minha filha dois dias, até que me "subiu" o leite... e foi um terror. Mamas cheias até ao pescoço, dor que chegue para dar e vender e a pele tão, mas tão esticada que não havia mamilo para ninguém. Ora uma bebé com 3 dias não arranja força para sacar leite de tal "fenómeno"... e chorava a desgraçada, que sempre foi (e continua a ser) rapariga com apetite, e não havia maneira. Ela chorava de fome, eu de dores no corpo e acima de tudo de dores na alma. Na minha cabeça (de fundamentalista... tenho sempre a ideia que o mal dos fundamentalista é serem somente ignorantes) eu sentia-me a falhar, eu era mãe há três dias e já estava a falhar, depois de tudo o que eu tinha ouvido, lido, isto não podia estar a acontecer. Mas aconteceu, tentei, tentei e nada.
Passei três meses a sacar leite e a dar num biberão e só no quarto mês introduzi parcialmente o leite em pó e a partir do 5º substitui na totalidade, com muitos remorsos e parvoíces na cabeça.
Custou? Muito.
Faria outra vez? Sim... mas com outra visão das coisas, sem traumas, nem fundamentalismos, nem parvoíces, nem auto-julgamentos.
Se funcionar óptimo, se não... paciência. Uma lição aprendi, se houver próxima vez, quando chegar aquela hora em que o médico pergunta: "Já pode regressar a casa, quer que lhe dê alta?" - eu vou responder: NÃO, só saio daqui amanhã, que é quando me sobe o leite (normalmente é ao 3º dia) e eu preciso de uma ajudinha profissional :)
Resumindo, o que a amamentação não deve é ser uma experiência dolorosa, quer física, quer emocionalmente e muito menos ser alvo de critica (por ser, por não ser ou por deixar de ser).

R.

1 comentário:

  1. Subscrevo cada palavra! Exceto a parte da experiência porque, realmente, cada uma tem a sua. Eu tive um bocadinho mais de sorte e a única dificuldade que tive foram umas gretas nos mamilos que desapareceram em 2 ou 3 dias. Mas mesmo com uma experiência boa de amamentação, concordo com tudo o que dizes e critico também os fundamentalismos. Em nenhum assunto são bons, porque o que é demais é erro!

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